quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Vincent van Gogh - A intensidade de uma vida


“E meu plano para minha vida é pintar e desenhar, tanto e tão bem quanto puder, então, quando minha vida acabar-se, eu espero partir não de outro jeito que olhando para trás com amor e anseio e pensando, oh pinturas que eu faria!”
Van Gogh




.As obras de Van Gogh sempre chamaram minha atenção por seu estilo inconfundível: energia captada através das cores vibrantes, movimentos perceptíveis pelos traços, o brilho característico e a alegre harmonia nas composições. Imaginava que o artista guardava alguma coisa muito especial e que na minha fantasia era uma ligação com o mundo espiritual. O pouco que conhecia dele era sobre suas dificuldades na carreira, a dependência financeira com o irmão Theo, a determinação em pintar, as muitas cartas e o mais terrível, a loucura de cortar um pedaço da própria orelha durante uma discussão com seu amigo Gauguin.
......Apenas por intuição ou somente por sentir o que suas obras me transmitiam, percebia que Van Gogh era um ser diferente, muito além do seu tempo e, arriscaria dizer também que, de seu “espaço” e por essas razões, incompreendido.
......Ao visitar o Museu Van Gogh em Amsterdã, no entanto, confirmei minhas sensações e descobri fatos muito interessantes a respeito desse homem entusiasmado e apaixonado pelo que fazia.
......Van Gogh, aos 16 anos, foi trabalhar numa empresa que comercializava obras de arte e ali começou seu interesse pela arte visual. Seu dom pelo negócio logo despertou e a empresa investiu em sua carreira a fim de que ele ganhasse mais experiência. Porém, tornou-se um obscecado com o tema religioso e passou a negligenciar o trabalho, sendo demitido aos 23 anos. Resolveu, então, se tornar ministro protestante, mas também acabou abandonando os estudos antes de sua formação. Nessa fase entrou em crise sobre o que fazer da vida, quando seu irmão Theo sugeriu que se tornasse um artista, oferecendo-se com suporte financeiro para que Van Gogh se aperfeiçoasse tecnicamente. Iniciava assim, aos 27 anos, sua carreira como artista.
......No entanto, Van Gogh estava motivado por algo que ia muito além de uma simples carreira profissional. Seu desejo profundo era de deixar ao mundo e às pessoas, “presentes”. Esses “presentes” eram seus sentimentos extraídos da natureza em forma de arte. Queria servir a humanidade levando beleza e tornando as coisas comuns da realidade, com o que havia de mais precioso: o sentimento da “graça” que estava por trás de todas as coisas!
......Em suas cartas para Theo, dizia que tirava ou colocava coisas do cenário, sem mudar a paisagem, para que ficasse mais harmônica a composição. Contava ao irmão sobre suas experiências, sentimentos, emoções, mandava rascunhos, falava sobre pessoas e paisagens que havia visto e reproduzido e também sobre as coisas que tinham em comum. Em troca do suporte financeiro, mandava muitas de suas obras a Theo.
......Além do gosto pelos desenhos, pinturas e escrita, Van Gogh aliava todos os dons quando escrevia sobre as imagens, as sensações que elas produziam nele.
......Van Gogh almejava formar um grupo com outros artistas, seu amigos, para a troca de experiências, críticas, idéias, em que todos pudessem se ajudar a evoluir em suas carreiras. Compartilhar para crescer. Seu sonho começou a tornar-se realidade ao unir-se a Gouguin, Bernard, Pissarro, Monet, Manet, para fundar uma colônia de artistas chamada “Estúdio do Sul”, não fosse o incidente com Gauguin, que fez acabar com tudo.
......Sua vida pessoal e profissional foi consideravelmente influenciada por alimentos mentais e físicos. Todas suas experiências eram intensas, ele era extremamente emocional e derramava seu coração e sua alma em tudo o que fazia. Sua negligência com a alimentação e vida desregrada trouxeram vários problemas de saúde. Em paralelo sofria com suas neuroses, depressão e desespero.
......Em Maio de 1889 Van Gogh se internou voluntariamente num asilo psiquiátrico e continuou pintando. Nessa fase resolveu fazer reproduções dos grandes mestres que ele admirava, da forma como ele faria ou talvez de como enxergava cada obra. Agrada-me muito ver obras de Rembrandt e Delacroix pelas lentes de Van Gogh.
......Em Maio de 1890 deixou o asilo e foi morar numa vila de artistas em Auvers-sur-Oise seguindo o conselho de Theo e Camille Pissarro. Um mês depois tendo recebido um aviso de Theo, de que ambos precisariam economizar, pois ele estava largando a empresa para trabalhar por conta própria, Van Gogh foi pego pela raiz, sentindo que não conseguia caminhar com suas próprias pernas. Em suas últimas pinturas se esforçou para demonstrar sua tristeza e solidão, conforme escreveu a Theo e semanas depois se suicidou num campo perto de Auvers.
......Em 10 anos de carreira, produziu aproximadamente 1.100 desenhos, 900 pinturas e mais de 900 cartas, tendo vendido somente um de seus quadros em vida.
......A intensidade de sua vida é sentida do começo ao fim no Museu Van Gogh e sem dúvida ele conseguiu extrair a “graça” da natureza e transmiti-la às pessoas através de seu trabalho e de sua existência, pois mesmo quando atormentado, ele não deixou de reconhecer essa “graça” e precisou se esforçar para transmitir sua tristeza e solidão nos últimos meses de vida.



..................................Vincent van Gogh
http://artnewniltoncarvalho.blogspot.com
                                     
Lu Milanov                                                                                                                                                             




                                                                                                                                        

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